Azulão
Ai! Voa, azulão, vai contar, companheiro, vai!
Manuel Bandeira (1886-1968)
Azulão! Azulão!…
mínima mancha de azul
no pluriverde coração da mata.
Azulão! Azulão!…
ponteando as sombras do arvoredo
trespassa o verde seu trinado azul
(voa Azulão, vai ver minha ingrata…)
gorjeio gota de orvalho pingente
nas fibras do verde, um azul modula
tão límpido que de zelos cala-se
o verde (voa Azulão, vai contar…)
a penugem de teu peito
aninha tanta saudade, tanto riso
contrafeito, voa Azulão, vai cantar…
furtivo clarim das matas
azul-ferrete ou faiança e todo
o azul deste mundo céu azul
da minha infância
no gogozinho azulado
azulinho de esquivança
(azulou) meu Azulão
bateu asas e avuô…
ai irmão passarinho!
© by j.r.Bustamante / do livro «Nem ostras nem ostracismo», 2008, Hirschberg, Alemanha, BOD Edition (COLEÇÃO PESSOAL) All rights reserved