Que vergonha!
Que país é este?
(desculpa, Millôr!)
Ultimamente, aqui no estrangeiro,
dá muita vergonha ser brasileiro,
vergonha de ser, não, vergonha
de dizer que sou brasileiro.
Sou brasileiro, digo, e a primeira
reação, embaraçosa, desagradável,
me deixa quase sem fala.
Que tal esse presidente atual
Bolsonaro edicetra e tal fascista
trumpista truculento boçal.
Que se sente ao ver a reação de ódio
que vomitam nas redes sociais e nas ruas
tantos milhões de compatriotas que antes
aclamavam a Lula e agora o renegam.
Sem querer entrar em picantes detalhes
sobre comos e porquês falo de milhões
de analfabetos entre os quais se contam
universitários e gentes de todas as classes.
O Brasil é assim, grande demais para conter
todos os tipos da melhor espécie e também
da pior, como em qualquer outro país do novo
e do velho mundo… quer um exemplo?
A gente me olha ressabiada e resmunga
uma desculpa esfarrapada, é, tem razão,
mas um país tão lindo tão rico com gente
tão maravilhosa e tanta música poesia cultura…
como se explica essa barbaridade
chamada Bolsonaro?
Sigo meu caminho taciturno e quedo.
Que vergonha dizer que sou brasileiro.
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