Meu novo livro de poemas – em português
(que será publicado nos próximos dias)!
Trata-se de uma coletânea de poemas já publicados e não mais acessíveis dos livros “Poemas de cristal”, “Tesselinhas (Deslembranças)” e “Nem ostras nem ostracismo”, que reúno neste volume acrescentando a eles poemas inéditos escritos no decorrer dos últimos anos na Alemanha e nos primeiros dez anos de minha estância na Espanha (Galiza, em A Coruña e atualmente em Cangas do Morrazo) tanto em português, minha língua materna, como em castelhano – cada um deles em sua versão original.
Nasci em Minas e a vida é longe, muito mais do que sonhei. Pra lá do arco-íris e de ilusões mirabolantes de um menino que…
Fui aprender regras e doutrinas dogmas virginais e outros contos, na volta só faltou fazer um pacto.
Grego antigo e latim clássico, filosofia, teodiceia e canto gregoriano, noções de álgebra e cálculo infinitesimal, noves fora zero. Saber não ocupa lugar pese à sua possível inutilidade.
Presente em múltiplas transformações da realidade beijei num arvoredo cúmplice os peitos virgens de Orídis, causa inocente de um primeiro delírio de amor, durou o que dura um fogo de palha, outra tarde à beira de um rio caudaloso ruidoso e abundante em ferrosas rochas grises, além de outros perigos da topografia, mordi com inusitada gula os lábios de goiaba madura de uma menina Iara mestiça de índia e sangue francês, creio. E daí não passou.
Mas o tempo foi passando e na sombra de um parque da grande metrópole remexi como em pétalas de papoula na bunda roliça morena virgem nua da moça aliás muito sapeca Angélica de Jesus Moreira e outro sobrenome que não vem ao caso, logo depois entrei com mais que veemente tesão no lindo corpo adolescente de uma tal Florência das Neves que perdeu a inocência, não comigo, que já havia perdido há tempos sendo noiva de um amigo ensimesmado taciturno e quedo que ato seguido se atirou de um décimo terceiro andar em plena sexta feira treze de agosto de mil novecentos e… mais não lembro.
Conclusão: estudar filosofia, latim e teologia, algo de química orgânica e cálculo infinitesimal, dá nisso. Por não falar do romantismo alemão.
Mas aí já seria outro caso e esta crônica em tom menor não tem jeito de seguir modulando por falta de instrumento
meu piano de estimação, triste vítima de um incêndio diz que provocado por mor duma traição, hoje não é mais que cinza e pó que aliás é o que seremos tu e eu como todo mundo que leia estas palavras… ou não.
Todo en ella encantaba, todo en ella atraía su mirada, su gesto, su sonrisa, su andar… ¡Quien la vio, no la pudo ya jamás olvidar! AMADO NERVO, «Gratia plena»
No me preguntes cuándo ni dónde o si era tarde o la mañana de un día de otoño primavera verano, el tiempo no cuenta y un lugar mucho menos
el acaso y el hondo hechizo de una mirada, clara y sugestiva como la aurora, furtiva e insondable como el crepúsculo, la breve sonrisa {eterna} y el amplio silencio de labios entreabiertos, un roce de manos que no se tocan, pasos de ola y brisa marina vuelo de nubes o golondrinas un vago olor de mar y de una flor insospechada, qué voy a saber jamás de tus recuerdos deseos y cuidados o del estentóreo color de tu piel entre blancas sábanas en ciertas tardes de verano bajo el finísimo lino que te cubre figura sin nombre de mujer sin culpa de pecados ajenos
habitas desde ese instante fugaz, sin pudor y sin quererlo, sin jamás siquiera imaginarlo, el inocente harén de nieblas y de la más reluciente tiniebla que anhela mi piel
como quizás anhelara tu cuerpo de mansa ave o impetuosa fiera si el intencionado aire ausente de tus pasos anunciase en ritmo de vals o rumba todo el encanto que evoca tu arrolladora presencia