Dia do Livro – Novo livro!

Meu novo livro de poemas – em português
(que será publicado nos próximos dias)!

Trata-se de uma coletânea de poemas já publicados e não mais acessíveis dos livros “Poemas de cristal”, “Tesselinhas (Deslembranças)” e “Nem ostras nem ostracismo”, que reúno neste volume acrescentando a eles poemas inéditos escritos no decorrer dos últimos anos na Alemanha e nos primeiros dez anos de minha estância na Espanha (Galiza, em A Coruña e atualmente em Cangas do Morrazo) tanto em português, minha língua materna, como em castelhano – cada um deles em sua versão original.

 

Primavera – Día Mundial de la Poesía

Give me the splendid silent sun with all his beams full-dazzling
Give me to warble spontaneous songs, for my own ears only
Give me solitude
(Walt Whitman, Leaves of Grass)

Aquella tarde… fue ayer, madre…

dolorosamente se incrusta en mi pecho
el color amargo de blancas paredes
en la oscuridad, ay dónde están, madre,
los mayores que se fueron al atardecer
sin considerar mi soledad en esta casa
de puertas al aire, mis hermanos
dormidos en la negrura de la nada

no es hoy cuando empieza la primavera
qué versos voy a poner en la hoja
para celebrar el día de la poesía

madre dijo que volvería para la cena
y sigo esperando sentado en la piedra
de siempre, y papá, a que horas vendrá
a buscarme para irme con él no sé dónde,
aún estará ocupado con las gallinas y
me habrá dejado solo en la sombra
donde soy el único cautivo

ay madre, si pudieras oír como canta
el viento en las ramas de nuevo verdes
de este veintiuno de marzo en este lado
del mundo que no es el nuestro
y ahora es el mío

tanto color, tanta vida, tanto sol
feroz con sus ardientes garras
sobre las olas de la ría que brilla
mansamente, tanto en el invierno
que se despide
como en la primavera
que se anuncia —

© text & music, jrBustamante, 21.03.2022

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Lost Paradise

Longe da Terra tudo parece liberdade
e o túnel que ninguém sabe onde desemboca
envolve-o como um enterrado vivo, é livre
e está sepultado, vive porque sente
a fumaça e a escuridão, mas o fedor
da morte, a putrefação de tudo
é mais forte e avassalador
que o imaginado aroma
das florinhas lá fora…

Entre o céu e o limbo da infância
a gritaria dos passarinhos e o vozerio
do gado, bezerrinho me chama,
Rucinho me acalanta na marcha picada,
busco no fundo da memória a sombra
da minha voz miúda de menino,
e a da mãe, do pai, das crianças e
daquele povo todo que já se foi e
não está em lugar nenhum, o vovô cadê?

O silêncio é a abóbada que cobre
a paisagem verde perdida inalcançável
dos píncaros da Mantiqueira…

© text & music, jrBustamante, 2022

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