“E fui ter com o anjo dizendo-lhe
que me desse o livro!
E me disse: toma e devora-o!
Ele te será amargo no ventre,
mas na boca doce como o mel.”
Apoc 10, 9
sei que sou poeta porque outro dia
um anjo querubim batendo asas na noite
da minha aldeia passou por mim e de graça
me deu um livrinho de marfim e pedrarias
em branco onde só se lia uma palavra
p o e s i a
é assim como vejo as coisas deste mundo
sob o esplendente prisma da palavra dita
ou escrita em qualquer idioma legível
mesmo para um profundo analfabeto
ou até para um cego de nascença
p o e s i a
no meio de todo ‘el mundanal ruido’
com tantos decibéis e as vertiginosas
imagens que nos saltam diante dos olhos
de qualquer monitor o que me consola
e às vezes também me desola é a
p o e s i a
nada como um livro tranquilo bem escrito
em prosa corrente contendo uma bem contada
mentira ou a verdade que emana como pura
p o e s i a
silenciando todo e qualquer ruído
exterior e imergindo-me numa aura
de profundo silêncio e contemplação
onde o que conta é o encontro pessoal
a p o e s i a a p o e s i a a p o e s i a
imagens feitas de palavras sossegadas
brilhantes alucinantes dançantes
no ritmo calado das horas mortas
da noite da minha aldeia onde um anjo
querubim só pra mim sorrindo assim…
iluminado por um poste de luz mística
transparente como essa de um fulgor
tão efêmero… das mãos
de Joseba Plazuelo García
{que aliás é meu amigo}
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Especial no “Dia Internacional do Livro”
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