Orfeu sou eu… (assim fosse!)
[…]
O Orpheus singt! O hoher Baum im Ohr!
[…]
Denn Orpheus ists! […] Ein fur alle Male
ists Orpheus, wenn es singt!
R. M. RILKE – »Die Sonette an Orpheus«
Interpretação pessoal (em Português)
[…] O poema nasce:
Orfeu, Orfeu, Orfeu que me desperta.
(Jorge de Lima: «Invenção de Orfeu»)
Um deus sim que pode. Mas como há de
segui-lo um homem com a simples lira?
Na mente um dilema. Onde se cruzam
dois corações não há templo a Apolo.
Canto, como ensinas, não é desejo,
nem porfia por algo enfim logrado.
Canto é essência. Para um deus, muito fácil.
E nós, quando somos? E ele, quando
volve ao que somos os céus e a terra?
Não é isso, jovem, amar, embora
a voz te force a abrir a boca, – aprende
a deslembrar teus cantos. Desvanecem.
Realmente cantar é outro sopro.
Um sopro em vão. Pairar em Deus. Alento.
Interpretación personal (en Español)
Un dios lo puede. Pero, dime, ¿cómo
le sigue un hombre con la simple lira?
En mente un dilema. Donde se cruzan
dos corazones no hay templo a Apolo.
Canto, como lo enseñas, no es deseo,
ni el ansia por cosa al fin lograda.
Canto es esencia. Para el dios muy fácil.
Mas nosotros ¿cuándo somos? ¿Y cuándo
a nuestro ser vuelve él cielo y tierra?
No es eso, joven, que ames, y a fuerza
te abra la voz tu boca, – aprende
a olvidar tus cantos. Duran tan poco.
En realidad, cantar es otro soplo.
Un soplo y nada más. En Dios. Un aura.
(De «Outros Poetas – poemas traduzidos»)
Do alto da majestosa rocha de Raron, onde repousa em seu nicho cercado de rosas »Oh reiner Widerspruch« Rainer Maria Rilke, o (jovem) visitante, sem palavras ante a beleza natural, o magnífico vale e as montanhas suíças, relembra versos do Poeta.
Terá sido lá pelos perdidos 80 e tantos.